As mulheres em “Nós que aqui estamos, por vós esperamos”.

17:51

Olá! No início deste ano tive o prazer de assistir o incrível filme "Nós que aqui estamos, por vós esperamos." na aula de Sociologia. Eu realmente amei este filme, e me foi solicitado uma redação dele enfatizando algum ponto abortado. Escolhi falar das mulheres. Estava (e ainda estou) numa época de conhecimento do feminismo, e ideias de igualdade sempre estiveram em mim. Acho essencial que, ainda que como menina, saiba da luta de minhas antecedentes para crescer com alguma base. Com opinião, conhecimento, e se possível honrando essa luta que se passou e ainda se passa.
 
De qualquer forma, fiz uma resenha com a orientação de minha feminista favorita, a Myka Poulain, que realmente me ajudou muito e talvez mereça também créditos na escrita desta resenha.
 
Na época em que pensei em publicá-la no meu antigo blog, dei uma enrolada e pouco depois eclodiu o movimento "Eu não mereço ser estuprada" nas redes sociais, o que me fez desistir da ideia de publicação.
 
Volto agora, neste novo blog, com esta resenha que sempre carrego comigo e considero por alguma razão um marco em minha escrita. Você pode lê-la abaixo, e na sequência deixarei os vídeos citados na mesma.
 
Já agradeço antecipadamente pela leitura :)
 

As mulheres em “Nós que aqui estamos, por vós esperamos”.

            Dirigido pelo brasileiro Marcelo Masagão em 1999, o filme-documentário “Nós que aqui estamos por vós esperamos” apresenta acontecimentos do século XX por meio de memórias das principais personagens que o vivenciaram: as pessoas, em sua grande parte não conhecidas mundialmente, mas igualmente importantes como as mais famosas. Este possivelmente foi o principal fator que tornou este filme, baseado em fatos totalmente reais e com trilha sonora de Wim Mertens, merecedor de diversos prêmios nacionais e internacionais.

            O longa-metragem aborta diversos temas: as grandes guerras; A revolução industrial e seu impacto na sociedade, evidenciada pela frase “Os homens criam as ferramentas, as ferramentas recriam os homens”, de McLuhan; grandes descobertas científicas; pensamentos de líderes conhecidos, entre muitos outros.  Entretanto, o material principal usado para retratar tudo isso são sonhos, ideias, pensamentos e acontecimentos de vidas que já se foram sem serem conhecidas hoje. Dentre essas vidas, encontram-se a de mulheres. O papel destas na sociedade é um dos temas retratados no filme, e que será aqui evidenciado. 

             O vídeo apresenta um trecho de aproximadamente 10 minutos sob o título “Elas”, mostrando um pouco da realidade das mulheres durante o século XX.

             A cena de abertura deste trecho apresenta Doris White, que “abusou na ousadia do maiô”, por usar a peça com menos elementos que tradicionalmente, deixando um espaço maior das pernas visíveis. Depois, mostra Sandra Michel tendo sua primeira experiência com cigarro, ao lado de amiga.

            Na cena seguinte encontra-se uma mulher colando um cartaz escrito “Vote Women” (Vote em mulheres) em um poste. Posteriormente, este é arrancado por dois meninos que o colam nas costas de um homem, e em seguida riem quando ele sai andando assim. Esta cena apresenta dois importantes fatos da época: primeiro, as mulheres buscando direitos políticos, inexistentes até então por serem consideradas inferiores ao homem, e em segundo como os homens se mostravam contra isso, caso contrário os meninos não teriam rido quando o homem saiu com o cartaz, que possivelmente seria malvisto.

          Logo depois, mostram sufragetes em marcha nas ruas em busca do direito ao voto, conquistado na década de 20.

         Uma mulher que estrangula o marido e em seguida vai ao cinema, outra dançando, uma terceira apresentando sua vida amorosa constituem algumas das cenas seguintes. 
          Em seguida, um dos símbolos mais conhecidos hoje em dia é apresentado: uma mulher erguendo o braço com a escrita “We can do it” (nós podemos fazer isso). Esta imagem trata-se de uma propaganda criada em 1943 por J. Howard Miller, um homem que tinha o objetivo de incentivar mulheres a trabalhar na indústria bélica, a principal da época. No geral, dizia que elas podiam trabalhar como eles1. Por mais que isso pareça uma ideia totalmente igualitária, o objetivo geral é totalmente o lucro, uma vez que os homens estavam lutando e as empresas continuavam necessitando de funcionários. Em meados de 1945 ocorre o fim da segunda guerra, que as leva de volta para casa: cozinha, roupas, filho, marido e a depressão.
            Depressão por ter que viver com trabalhos domésticos, cuidando sozinha dos filhos, muitas vezes não ter tempo para elas mesmas e muitas vezes sendo menosprezada pelos maridos e tratadas como objeto.
            Muitas vezes os filhos vinham contra a vontade, motivo pelo qual Margareth Sanger criou, em 1916, a primeira Clínica de controle de natalidade.  Esta tinha o objetivo de aconselhar mulheres sobre a família, os filhos, saúde e métodos anticoncepcionais. Infelizmente, Margareth foi presa por isso.

           Mas as mulheres não desistiram. Quebrando regras impostas para elas, criaram a minissaia, e saíam com elas para se divertir e aproveitar a vida. Neste mesmo tempo, houve a queima dos sutiãs, que fez crescer o feminismo, agora não mais em busca de direitos políticos, mas de mulheres com direitos sobre o próprio corpo. Foi o início do chamado feminismo radical.
            A queima significou, em si, uma vontade de quebrar tabus impostos pela sociedade. Ora, a mulher não precisaria usar sutiã se a sociedade não lhe tivesse imposto isso. Estes ideais foram muitos dissipados nos Estados Unidos.
            Mulheres livres se divertindo terminam o trecho.
            O feminismo radical continuou até os dias de hoje, tendo a marcha das vadias como um de seus representantes. Esta iniciou-se no Canadá, com o objetivo de dizer aos homens que as mulheres não são culpadas pelo estrupo, e tem direito de usar o que quiserem pois o corpo pertence a elas e homem nenhum tem o direito de usá-lo sem a permissão da mesma. De forma geral, “as mulheres são estupradas porque se vestem como vadias” não é um argumento válido, e por isso elas vão as ruas de lingerie protestar.
          É irônico a sociedade impor o uso do sutiã, por exemplo, e depois julgar que ele está a mostra. A queima de sutiãs e a marcha das vadias apresentam, portanto, certa ligação entre si.
         O filme mostra como ao longo dos anos vários direitos para as mulheres são conquistados, e ainda hoje a busca por estes acontecem, embora agora o foco principal seja o respeito.
          Existem várias vertentes feministas hoje em dia. O feminismo busca a igualdade, e este foi iniciado pelas mulheres justamente por não serem tratadas de maneira igual desde a antiguidade.
          “Nós que aqui estamos por estamos por vós esperamos” tem este nome por ter estas palavras escritas na entrada de um cemitério, ou seja, várias pessoas que já morreram, várias vidas e sonhos que já se foram – muitas vezes de maneira injusta – estão lá esperando nossa vez de se juntarmos a elas, mas que tenhamos aproveitado bem a nossa vida, da maneira mais justa, coerente e respeitosa possível.



Resenha escrita em 23 de março de 2014 por Martha Gaudêncio da Silva, orientada por Joelson Mattos e Myka Poulain.
 
 1- Esta ideia de igualdade é muito presente no feminismo, movimento social que mais tarde popularizou a imagem.

Já digo que posso ter cometido algum erro sobre o feminismo; Estou totalmente aberta a qualquer correção.
 
 
VÍDEOS
 
Nós que aqui estamos por vós esperamos

 
Elas - parte sobre as mulheres em nós que aqui estamos por vós esperamos.



 

You Might Also Like

0 comentários

Popular Posts

Like us on Facebook

Flickr Images